quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mocotó – da comida de escravos ao requinte dos melhores restaurantes






 O mocotó (palavra originária do termo tupi-guarani mbo-coto ou mão-de-vaca), conhecido por seu sabor marcante, é um prato requintado, servido em muitos dos melhores restaurantes brasileiros. Porém o que poucos sabem é que o mocotó foi uma invenção dos escravos negros brasileiros. O mocotó teria sua origem provavelmente nas charqueadas do Rio Grande do Sul, onde do abate do gado bovino, as partes destinadas ao preparo do charque (carne seca, ou carne salgada) eram separadas bem como àquelas destinadas às mesas dos senhores. O restante das partes desossadas do animal, como as patas, por exemplo, seriam desperdiçadas. No entanto os escravos utilizavam estas partes para seu sustento e complemento alimentar.

O artigo “ADAPTAÇÃO DE PRATOS TRADICIONAIS DE ORIGEM AFRICANA À CULTURA DO RIO GRANDE DO SUL”, onde suas autoras: Maria Claudete Silveira Rodrigues Bastos e Paula Cilene Pereira dos Santos escrevem:


De acordo com os resultados obtidos, observa-se que pelo menos três (3) dos pratos ditos de origem africana tiveram sua origem provavelmente da utilização, por parte dos negros ainda escravizados, de restos de comida do branco. São eles: o sopão, o mocotó e a feijoada. (pg. 7. Em http://www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/artigoaptoacars.pdf visitado em 15/02/2011).

Neste mesmo artigo as autoras afirmam que “no sopão, no mocotó e na feijoada observa-se o uso de várias partes menos ‘nobres de animais’ como porco e gado. O uso de pata de vaca, mondongo, orelha de porco, pé de porco, rabo de porco, entre outros, evidencia a criatividade do negro que usava estas partes desprezadas pelos brancos para fazer pratos calóricos e saborosos” (pg. 7). E reforçam que estes pratos foram “tão bem aceitos que passaram a fazer parte dos pratos típicos do Rio Grande do Sul, preparados, principalmente em dias de maior frio. Atualmente, para fazer estas receitas, continua-se usando as partes ‘menos nobres’ dos animais, pois é a mistura destes ingredientes que dá o sabor e o valor nutricional característico destes pratos” (pg. 8). Alguns legumes utilizados no preparo do mocotó também dão um toque especial a esta receita.

Na conclusão do referido artigo as autoras evidenciam que:

- Mesmo não encontrando muitas referências dos pratos de origem africana na culinária gaúcha, os negros tiveram grande influência na tradição alimentar do Rio Grande do Sul.
- Apesar de sua condição inicial de escravo, sem direitos e com sua cultura desprezada pelos brancos, os negros conseguiram se adaptar às condições de vida a que eram submetidos, formando e transformando pratos de diferentes culturas, graças a sua imaginação, através da combinação de diferentes ingredientes.
- Os pratos de origem africana que fazem parte da culinária tradicional do Rio Grande do Sul, sofreram adaptações para as condições atuais de vida.

            Portanto, a contribuição dos cidadãos negros na culinária gaúcha e brasileira fica evidente, ao passo que as receitas, hora criadas nas senzalas, passam a circular nos restaurantes mais requintados do Brasil, provando assim a grande contribuição deste povo, tão rico em sua diversidade e cultura.
                                               Autor: Marco Barcelos. 15/02/2011.


Mocotó (receita)

·         4 patas muito bem lavadas
·         1 coalheira
·         2 kg de mondongo
·         1 tripa grossa
·         1/2 kg. de linguiça
·         1 kg. de feijão branco
·         2 colheres de sopa de óleo
·         2 cebolas
·         4 tomates
·         temperos
·         1 dente de alho
·         ovos duros picados 


Modo de preparar
Pôr a carne a ferver (de véspera), em água fria, com todos os temperos, até despegar o osso das patas. Deixar de véspera, também, uma ou duas xícaras de feijão branco de molho. Cozinhar o feijão e reservar. azer um refogado com cebolas, tomates, alho, louro, salsa, cebolinha e aí refogar os miúdos picados e a linguiça em pedaços. Acrescentar a água em que foram aferventados e deixar ferver bastante. Meia hora antes de servir, juntar o feijão branco. Enfeitar com ovos duros e tempero verde picados.
Receita recolhida junto ao site: http://www.paginadogaucho.com.br/culi/pp-moc.htm  visitada em 15/02/2011

BIBLIOGRAFIA:

em 15/02/2011

2 comentários:

  1. Um prato maravilhoso. Parabéns pela linda matéria.
    Anajá

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  2. é bom mas quem ta meio fraco não aguenta é verdade eu acho que to meio fraco comi uma vez só não consigo comer outra o estômago não resiste é muito forte. verdade. kkk.

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